Eduardo Volpato, CEO do Grupo Volpato, ressalta a importância do e-commerce para o presente e para o futuro de um negócio.

por Mateus Guimarães Bunde via Blasting News

O e-commerce já era uma tendência muito antes da pandemia. Contudo, sempre houve certa resistência de algumas empresas em implementar o recurso para vendas online. A crise desencadeada pelo novo coronavírus provou a importância de estar presente no meio online para fazer com que um empreendimento se mantenha.

Com isso, inúmeras empresas buscaram às pressas a implementação. Outras, porém, sequer tiveram tempo para isso. Dessa maneira, quem se viu diante da crise precisou revolucionar de alguma forma, pois viu o faturamento cair rapidamente. “A crise nos trouxe muitos aprendizados. Muitas empresas ficaram anos e anos empurrando com a barriga e deixando o e-commerce para depois, deixando de lado o aprimorando dos seus sistemas, inclusive o delivery”, diz Eduardo Volpato, CEO do Grupo Volpato, uma das maiores empresas brasileiras do setor de segurança, em conversa com a Blasting News.

“Com essa pandemia, quem não estava preparado precisou deixar de trabalhar e viu seu faturamento cair para zero”, completa. Por essa razão, Eduardo vê como a principal lição da pandemia a necessidade de reforçar um jargão essencial para a implementação do e-commerce e a necessidade de sua adoção. “Como disse o Bill Gates, tem dois tipos de empresas, as que estão na internet e as que vão quebrar”, destaca.

Confira a entrevista na íntegra.

Blasting News: Distanciamento social, bloqueios intermitentes e trabalho remoto, esta é, para muitos, a nova rotina em que nos adaptamos por causa da pandemia da Covid-19. Vamos trabalhar em casa, estar cada vez mais on-line, mudar a maneira como interagimos com os outros. Segundo você, nossas estruturas econômicas e sociais estão prontas para lidar com essas consequências? Você poderia listar dois riscos e duas oportunidades?

Eduardo Volpato: Em termos de risco, eu vejo que muitas pessoas que estão em home office podem entrar num ritmo em que acabam trabalhando muito mais.

É como se a pessoa morasse dentro do seu trabalho e acabasse não se desconectando dos seus deveres profissionais. Ela precisa estabelecer regras e horários para que consiga relaxar, estar com a família e ter o seu momento de lazer. Outra coisa que devemos ficar atentos é ao ambiente de trabalho, ou seja, que tipo de cadeira estou usando?

Preparei corretamente meu ambiente? Tenho uma mesa ou equipamentos adequados? Então, a exaustão é algo que me preocupa, pois é preciso manter a saúde física e emocional, pois estamos o tempo todos ao lado de nossos filhos e companheiros e a falta de distanciamento ou individualidade também pode causar problemas nas relações familiares. Por outro lado, essa nova rotina traz muitas oportunidades. Para quem não estava acostumada com a tecnologia, vejo uma grande oportunidade para se atualizar, aprender sobre novas ferramentas e formas de trabalho e de sociabilização. Na empresa abrimos nosso leque de contratação de profissionais que dão treinamento online de qualquer parte do país, pois a gente ainda não tinha quebrado esse paradigma.

As pessoas que conseguem entrar numa rotina correta acabam se estressando menos, já que não pegam mais engarrafamento para ir trabalhar, além de gastarem menos com transportes, gasolina e outra demandas que são necessárias quando se trabalha fora. Dependendo da empresa, conseguem até escolher a hora de trabalho, por isso, é importante saber gerenciar família, trabalho e suas necessidades pessoais para que consiga enxergar os riscos e as oportunidades deste novo normal.

A Covid-19 também acelerou a transição para um mundo totalmente digital. Estamos na vanguarda de uma profunda transformação na maneira como a humanidade vive e interage. Na sua opinião, você acha que precisamos abraçar ou combater essas mudanças?

Acredito que tudo precisa ter equilíbrio para fluir bem. Aprendemos com a pandemia que não há mais como fugir do digital, que teremos um “novo normal” ainda mais virtual, mas ao mesmo tempo, claramente entendemos que as relações pessoais são fundamentais. Nada substitui estar junto, ter contato, dar um abraço. Muitas pessoas tiveram crises de ansiedade e depressão exatamente por se sentirem tão sozinhas. A humanidade precisa de humanidade, mas obviamente que a praticidade e a tecnologia chegaram para ficar, evoluir e daqui para frente vejo um mundo cada mais digital para vários setores. Temos que abraçar tudo que for benéfico, e não digo combater, mas olhar com atenção os excessos.

“Uma crise nunca deve ser perdida, pois é uma oportunidade de tornar qualquer sistema um sistema melhor.”

Diante disso, o que a empresa Volpato está fazendo para reformular os negócios e torná-los ainda melhor?

A crise nos trouxe muitos aprendizados. Muitas empresas ficaram anos e anos empurrando com a barriga e deixando o e-commerce para depois, deixando de lado o aprimorando dos seus sistemas, inclusive o delivery, mas com essa pandemia, quem não estava preparado precisou deixar de trabalhar e viu seu faturamento cair para zero. Acredito que esta é a principal lição: não dá para deixar nada para depois. Como disse o Bill Gates, tem dois tipos de empresas, as que estão na internet e as que vão quebrar. Outra questão importante é a otimização de treinamento e reuniões. Aqui na Volpato, por exemplo, estou contratando profissionais de diversos lugares do Brasil para darem treinamento online para minha equipe.

Antes a gente tinha o pensamento fazer isso apenas do modo presencial e pensar em detalhes como hotel, passagem, coffee break, etc. Hoje não, aperfeiçoamos o programa de treinamento da empresa porque tenho muitos profissionais em home office, então, todos os dias, das 8h às 10h, tem treinamento para minha equipe de colaboradores via plataformas de meeting.

Você pode nos dar alguns exemplos de como o setor de segurança foi diretamente afetado pela pandemia e qual estratégia vocês estão utilizando para mitigar os efeitos?

Para o setor de segurança, a grande questão é que quando o lojista sente a crise ele deixa de pagar suas contas, então, fomos afetados na segunda onda, a da inadimplência e de cancelamentos de monitoramento, já que muitas empresas tiveram que fechar suas portas.

Além das famílias que passaram a ficar mais em casa, deixaram de viajar e não se sentem estimuladas a colocar uma segurança residencial. Também fomos afetados com os fornecimentos de equipe de segurança em shoppings, já que muitos permaneceram fechados e reduziram os quadros de profissionais e, com isso, solicitaram a redução do valor dos contratos também. Houve, então, um desaquecimento em nosso mercado, e para tentar manter os clientes estamos renegociando nossos contratos para fazer com que os clientes consigam pagar suas contas sem deixar de ter os nossos serviços de segurança.

Um fato curioso também é que, por outro lado, em nossa base de clientes diminuiu muito o número de tentativas de roubos e assaltos, me parece que o próprio delinquente está em casa se resguardando, porque antes da pandemia tínhamos uma média de cinco a seis arrombamentos num universo de 7 mil clientes residências, hoje tem dias que não acontece sequer um arrombamento.

Com base na experiência que estamos vivendo, na sua opinião, o que precisamos fazer para impedir ou mitigar a próxima crise?

Sem dúvida estamos aprendendo muito com essa pandemia. Em termos de saúde, fica claro que os cuidados pessoais com a higienização nunca mais devem ser esquecidos e devem se tornar um hábito para vida. Outra questão é termos políticas públicas de saúde claras, bem definidas, que de fato façam a diferença em emergências, além, é claro, de condições dignas para os profissionais da saúde, investimentos em hospitais, para que o atendimento seja exemplar e que tenha condições de atender a todos com segurança e estrutura. Saneamento básico para toda população é outra questão de extrema importância, já que grande parte da população brasileira ainda não tem acesso à água tratada, ficando suscetíveis a diversos tipos de doenças, e não apenas o coronavírus.